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Bush Tetras - Too Many Creeps

  • Foto do escritor: André X
    André X
  • 15 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

Nova York, a mais emblemática de todas as cidades norte americanas, experiencia uma série de crises fiscais no decorrer da década de 1970, quase indo à falência em 1975. Com isso, o pouco dinheiro que o estado dispunha não era suficiente para suprir com as necessidades básica da metrópole. Aos poucos, os bairros iam se voltando para dentro de si, em busca de segurança, apoio mútuo e cultura. Foi no final desta década que os bairros abandonados da ilha de Manhattan e, principalmente, fora da ilha, se tornaram verdadeiros palcos de guerra urbana não declarada. E foi desse caos que surgiu uma verdadeira e autêntica manifestação nas artes. Os imóveis abandonados eram invadidos por artistas visuais para seus ateliês e por músicos, tendo finalmente um lugar onde pudessem ensaiar sem incomodar ninguém, nem pagar muito.



Dessa onda, surgiram Basquiat e Harring, no lado visual, usando a cidade como suas telas, e também o Hip Hop, o Disco, o crescimento do dance latino underground e o punk nova iorquino. Dentre as centenas de bandas, uma que se destacou, justamente por ir um passo além, por traduzir em forma de música a cena do Lower East Side foram os Bush Tetras. Três meninas e um cara, tendo como espinha dorsal a bateria e o baixo, com guitarras afiadas e agudas cortando o pulso da cozinha. Em cima disso, os vocais da Cynthia Sley cantando sobre as inseguranças nas ruas, a falta de perspectiva, a cena underground e ser jovem naqueles tempos sombrios.



Bebiam em todas as fontes, do punk de 1977, que já havia se dissolvido ou se vendido, do No Wave, experimentalistas do noise underground, do disco, do latino e do hip hop. Uma pegada Gang of Four, mas com um quê a mais no groove, sem perder a raiz da cultura de rua. Seu primeiro single é hoje uma referência para o punk dançante, se é que existe tal coisa. O lado A vem Too Many Creeps, que podemos traduzir como “temos babacas demais”. Mas babaca num sentido de um sub-Alexandre Frota. Caras que você não queria encontrar nas ruas escuras e empilhadas de lixo da Nova York de 1979. Esse vídeo captura bem como era NY à época. Não era o paraíso de passeio dos coxinhas, como hoje.



No lado B, duas outras gemas, Snakes Crawls e You Taste like the tropics. Importante destacar que a incrivelmente criativa guitarrista Pat Place era antes dos Contortions, sim aquela banda do James Chance. Outro fato interessante é que o compacto chegou às mãos do pessoal do Clash e eles piraram. Vai ver que era esse tipo de mistura de rock e outros sons que eles estavam atrás. Tanto é que o segundo compacto, Can’t Be Funky, foi produzido pelo Topper Headon, o batera do Clash.



Bush Tetras deixou como legado, além de uma série de compactos e EPs, um LP póstumo que reúne todas essas maravilhas chamado Boom in the Night. Altamente recomendável.



 
 
 

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