Agentess - Angra

Se essa merda explodir, eu não vou ter para onde ir. Nos anos 1980s, a usina nuclear de Angra dos Reis viva no imaginário apocalíptico dos brasileiros. Comprada em 1972 dos alemães, que seduziram o governo militar tendo como isca uma tecnologia que ainda não dominavam, enfrentando forte oposição americana (que perderam o negócio milionário), só viria a entrar em funcionamento em 1984, 12 anos depois! É o jeitinho brasileiro de ser (lento e ineficiente).

Tanto que um dos primeiro compactos a ser lançado aqui que cabe nos conceitos deste blog é o Angra, dos Agentess. É independente, lançado pelo selo Scorpius. Tem a sonoridade da época, ousando com sintetizadores e efeitos de estúdio. Uma letra de protesto, sem ser a chatice poética que dominava o MPB. Um orgulho do pós-punk nacional.

O principal nome por trás do compacto e dos Agentess é o Kodiak Bachine, responsável pelos teclados e vocais (mais precisamente, voicess + synthesizerss, como está creditado na contracapa). Interessante que as música estão em português, mas os créditos todos em inglês e alemão, indicando que já buscavam alguma projeção internacional. Outros já passaram pela banda, que viram a formar outros ícones do underground pós-punk brasileiro, como Azul 29 e Voluntários da Pátria.

O lado A, Angra, é uma das minhas músicas prediletas. A cada ouvida, uma inundação de seratonina e adrenalina no meu cérebro. Muito moderno para a época, quando os leigos classificavam Devo como eletrônico e Gary Numan como experimental. Um detalhe que difere esse 7 polegadas dos gringos é que roda em 33 rpm, não 45, o que sempre me ferra quando toco em pistas.

O lado B, como dever ser, é mais experimental, mas difícil de bater o pé e balançar a cabeça, mas, com repetidas ouvidas, cresce e é igualmente genial. Na capa, um ET, que não é de Varginha, mas antecedeu este. A capa é creditada como “interglacial kover photo” a um tal de Nagib. Parabéns, queria a foto original para enquadrar.

Mais sobre os Agentess e o Kodiak Bachine aqui.