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Gang of Four - Damaged Goods EP

  • Foto do escritor: André X
    André X
  • 21 de jan. de 2018
  • 2 min de leitura

Se tivesse que escolher os compactos que caracterizem o post-punk, listaria We Are All Prostitutes, do Pop Group, Death Disco, do PiL, e este do Gang of Four. Foi o momento que ficou claro a bifurcação de escolhas aberta aos órfãos de 1977. De um lado, vestir sua jaqueta de couro, cortar um moicano e ficar repetindo a velha fórmula (mais rápido, mais barulhento) gritando “punk’s not dead”. Do outro, absorver tudo que estava emanando do underground mundial – disco, soul, Feta Kuti, Kraut, eletrônico, minimalismo, etc. – misturar aos fundamentos punk e ousar, experimentar.

O Gang of Four seguiu esse segundo caminho, resultando nesse divisor de águas. Na época, a sensação era que havia descoberto um novo tipo de música. Baixo presente, guitarra barulhenta, vocais politizados, mas de uma forma inteligente, e uma batida dançante. Tudo bem, outros já haviam tentado, mas o GoF acertou em cheio. Para mim, ouvindo isso no final de 1978, era como se eu tivesse minha vida toda comido só Big Macs e alguém me apresentasse um hambúrguer gourmet, daqueles com carne de verdade, molho caseiro, bacon defumado, queijo artesanal e salada fresca.

Lado A: Damaged Goods, que rola em toda pista de rock alternativa que se prese, até os dia presentes. Andy Gill explica que eles queriam fugir da estrutura pop, então as premissas eram não usar acordes dominantes, nem subdominantes, nem progressões de acordes tônicos. Ou seja, tudo que havia sido feitos de Chuck Berry até hoje era proibido. A batera precisa, porem básica, do baterista Hugo Burnham, com a linha de baixo swingada, do Dave Allen, formavam a base necessária à guitarra tosca, amplificada por transistors (Andy Gill se recusava a usar amplificadores valvulados nesse início de carreira), para que o Jon King pudesse cantar sua letra anticonsumo. Um detalhe, muita gente acha que a frase “a change will do you good”, se refere a mudanças sociais, de rotina ou de vida. Na verdade, o change aí é de troco, pois eles tinham lojas de 1,99 na cabeça quando escreveram a letra.

Lado B, faixa 1: Armalite Rifle, outra música resultante do modelo estabelecido pela banda. Letras que tratam do armamento mais usado pelo IRA e pelo exército inglês, que, em 1978, travavam uma guerrilha urbana violenta.


Lado B, faixa 2: a música que trouxe a microfonia ao pop, abrindo um caminho imenso para bandas como RHCP e Fugazi, entre outras. Narrativa dupla, insipirada no filme “Numero Deux”, do Godard. Enquanto Jon cantava sobre uma imensa ressaca, Andy Gill fala sobre o que lhe der na telha, tendo como insumo a letra ou acontecimentos do dia. Ambos se juntam no refrão que acaba com qualquer romantismo – amor vai te infectar como antrax, e isso é algo que não quero pegar.


Bob Last, com o sucesso desse lançamento, incentivou as suas quatro bandas mais em evidência – Scars, Human League, Mekons e GoF, a assinarem com gravadoras grandes, vendeu o catálogo do Fast Products à EMI e declarou: “a intervenção terminou”.


Gang of Four regravou todas essas faixas para seu primeiro LP, mas a versão nesse sete polegadas continuam a ser as melhores versões.

 
 
 

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