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Joy Division - Transmission

  • Foto do escritor: André X
    André X
  • 12 de jun. de 2018
  • 2 min de leitura

Fiquei muito na dúvida se postaria um texto sobre esse compacto do Joy Division. O que poderia acrescentar a tudo que já foi escrito sobre ele? Todos já sabem que foi o primeiro compacto e tiro certeiro que colocou a gravadora independente de Manchester, Factory Records, no mapa. O início de um legado que se estendeu por décadas e definiu o som de uma geração. Lançado em 1978, teve um impacto devassador, trazendo os holofotes do mundo para a cidade do norte da Inglaterra, definindo um som com temas específicos que iria se prolongar por bandas como Smiths, por exemplo. Deixou claro que era ok cantar sobre coisas que nos deprimem, que nos chateiam, sobre a desesperança. Ou seja, cantar a real sobre a adolescência.


O que posso trazer de novo é minha experiência pessoal com esse maravilhoso vinil de sete polegadas. Ouvi, como sempre, no John Peel e saí no próximo sábado para comprar. Dance dance dance to the radio ecoava no meu cérebro enquanto contava os dias para o sábado chegar. Sabia que estava diante de um divisor de águas. Voltando de ônibus para casa, olhando a capa, com a foto de uma nebulosa, sem nada mais escrito, veio a lembrança do LP Islands, do King Crimson. Será que é esse disco mesmo, pensei, temeroso que estava diante de um progressivo (palavra proibida em 1978).



Mas era. Foi o fim de semana todo ouvindo e entendendo Transmission. Sim, era possível dançar com a transmissão do rádio. Era deprimente, mas melhor do que não fazer nada. Que jeito esquisito, porém libertador, era esse de gravar? Todo o crédito para o Martin Hannett. Sem ele, não haveria Joy Division, não haveria o som de Manchester, não haveria uma geração inteira de desbravadores musicais.



Peter Hook conta que a primeira vez que tocaram essa canção, toda a plateia parou de fazer o que estavam fazendo (conversando, bebendo, ignorando a banda desconhecida) para prestar atenção. Esse é o impacto dessa música. E eu presenciei isso! Como já escrevi várias vezes, tinha 16 anos, morava em Sheffield, norte da Inglaterra, ao lado de Manchester, e fui ver os Buzzcocks. Como brinde, Joy Division abrindo. Um dos show de minha vida. Perfeito. Os Buzzcocks foram absurdamente sensacionais. Mas, depois do show, no ônibus, todos só falavam do Joy Division. O que foi aquilo? Que dança legal do vocalista! Que sonoridade diferente! Arrepio até hoje na lembrança.



No lado B, outro tiro certo, outro clássico: Novelty. Essa canção contém uma das minhas linhas de baixo favoritas – de tantas outras que o Peter Hook já tocou. Interessante notar que a banda odiou a mixagem do Martin Hannett. Eles queriam mais guitarra, e acharam que o baixo no primeiro plano estragou a música. Logo se redimiram quando leram as críticas.



Joy Divison teve um impacto imenso para a tchurma de Brasília. Toda festa, rolava várias canções. Já viram o Renato Russo dançar? Pois é. Ficávamos tentando interpretar as letras. Queríamos um som igual. A Plebe até fez uma música chamada Gritos no Escuro (que depois foi acelerada e virou Sexo e Karatê) que era puro Joy Division. O poder da música é esse: muda pessoas, muda gerações.

 
 
 

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