top of page

The Carpettes - Radio Wunderbar

  • Foto do escritor: André X
    André X
  • 4 de mar. de 2018
  • 2 min de leitura

Brasília nos 1908s era uma pequena cidade do interior disfarçada de capital. Nós, adolescentes, que morávamos nela, nos sentíamos distantes de tudo que acontecia no mundo, nossa única linha de salvação era a música. Para se ter uma ideia do quão provinciana éramos, o Philippe Seabra, com 14 anos, tirava o Opala branco dos pais toda noite dos fins-de-semana, juntava uma dezena de amigos do Lago Norte e Asa Norte e saia por aí procurando festas e coisas para fazer, ouvindo música no toca-fitas do carro no talo, cantando juntos. E nunca foram abordados uma única vez pela polícia ou em blitz.



Trilha sonora obrigatória, quando o carro estava cheio – quando digo cheio, quero dizer gente sentada no colo um dos outros, lotado mesmo – era uma canção de um conjunto inglês de 1977 chamado de Carpettes, e a canção era Frustration Paradise, que descrevia Brasília muito bem: paraíso das frustrações.



Os Carpettes lançaram seu primeiro compacto em 1977, pela excelente Small Wonder. Na verdade, era um extended play, pois tinha quatro músicas, duas em cada lado. Quando comprei esse disquinho, tocava sem parar essas faixas, aguardando ansiosamente o disco, que tinha certeza que seria um marco. Quando finalmente saiu o LP, em 1978, pela Beggars Banquet, outro selo bacana da época, tirando a faixa título, mencionada acima, o resto era muito decepcionante.


Então vamos nos concentrar nesse vinil de sete polegadas, com suas quatro faixas rápidas, refrãos chicletes e contendo toda genialidade que um trio pode trazer. Digo isso, pois acho que trios são arranjos de bandas muito difícil de dar certo, mas quando dão, tipo Jam, Cream ou Police, funcionam muito bem. É o caso dos Carpettes.

Bacana que, na contracapa, tinha o telefone da banda. Quem quisesse ligar, só pegar o telefone fixo (não tínhamos celulares, não se lembram?) e falar com os caras. Nunca fiz, deveria ter feito.



Faixa 1: What About Me and You, com a temática adolescência sobre frustração e tédio, mas com uma esperança chamada “the new idea”, que eu sempre achei se referir ao punk como união dos jovens.



Faixa 2: Help I’m Trapped. Reouvindo essa canção para escrever esse post, tinha me esquecido como a gente achava que era rápida. Carpettes e the Saints nos deixavam de queixo caído pela velocidade. Induzia ao pogo, sempre.



Faixa 3: Radio Wunderbar, a canção do compacto que, mesmo estando no lado B, foi a que estourou. Punk pop de primeira.



Faixa 4: Cream of the Youth, outra canção pedindo a união dos jovens para lutar contra um future negro por ser previsível e chato. Hino anti-institucional. O que chama a atenção é que esse trio toca muito bem, ou pelo menos domina seus talentos melhor que as outras bandas que borbulhavam em todo globo tentando um espaço debaixo do holofote punk.



E já que mencionei Frustration Paradise, coloco um link aqui para vocês ouvirem e se imaginarem no Opalão do Seabra. No final, quando fica repetindo o nome da canção, todos ficavam berrando junto com a música, mesmo não sabendo o significado, mas lutando contra a frustração juvenil mesmo assim.



 
 
 

Comments


Faça parte da nossa lista de emails

© 2023 por Amante de Livros. Orgulhosamente criado com Wix.com

  • White Facebook Icon
  • White Twitter Icon
  • Branco Ícone Google+
bottom of page